terça-feira, 30 de setembro de 2014

tudo igual

“- 98% dos criminosos comem pão.
- 50% das crianças que crescem comendo pão apresentam baixo desempenho escolar.
- No século XVIII, quando a maior parte do pão era assado em casa, a expectativa de vida era de menos de 50 anos, a mortalidade infantil era extremamente elevada e muitas mães morriam durante o parto.
- Mais de 90% dos crimes violentos são cometidos no intervalo de 24 horas após o assassino ingerir pão.
- Sociedades primitivas, onde o pão não fazia parte da dieta, apresentavam baixos índices de câncer de pulmão, tendinite e stress.
- Recém nascidos engasgam ao comer pão.
- Estudos comprovados mostram que um ambiente com pão exposto ao ar por muitos dias apresenta um odor forte de bolor.
- Ministério da saúde adverte: pão causa pneuzinhos se você não malhar.”

A maioria do que foi escrito acima é verdade, mas não tem relação nenhuma com o consumo de pão. É assim que eu olho para estatísticas. Estatísticas são dados, um produto do que já foi feito. Estatística é história, é passado. Tendenciosas, são o mais pobre instrumento de manipulação. Eu tinha renovado a minha fé na democracia com os protestos do ano passado e nessa semana comecei a desacreditar as pesquisas, as reportagens e também muitos posts do facebook. Quando criticaram os protestos dizendo que a revolução deve ser nas urnas, discordei, porque entendi que a manifestação é livre. O mínimo que eu esperava era que a tal sede de mudança se refletisse agora. O que vejo são cidadãos praticando mais do mesmo, pautando seu voto em promessas vazias, em currículos medianos, desqualificando candidatos por critérios que reprovariam qualquer dos outros. A mesma superficialidade de sempre. Acredito que a mudança não vem com uma reeleição, tampouco com uma oposição manjada que esteve no poder há não muito tempo. É argumento pra avaliar um eventual mandato? Não, mas é vontade de mudar. No entanto, o que se vê é eleitor se negando a olhar pros novos candidatos, aqueles que poderiam efetivamente representar a mudança. A Marina Silva, uma pessoa com trajetória de vida admirável e que repentinamente, com a morte de Eduardo Campos, subiu nas ‘pesquisas’, logo sentiu sob suas costas o resultado de sua ascensão: críticas infundadas de todos os lados, pressão para adequar seus discursos à vontade da maior parte de grupos sociais, causando até mesmo mudanças repentinas de opinião (o que mesmo os políticos mais experientes continuam fazendo, porém de forma tão mais natural e corriqueira que não chamam atenção nisso). Eduardo Jorge e Luciana Genro são exemplos de candidatos que mantém sua personalidade e conseguem manter o bom senso mesmo assim, e tem muito menos atenção do que mereciam. Enquanto isso, do outro lado, temos eleitores apontando o dedo pras contradições alheias sem observar as próprias. De que adianta o direito de votar, se a escolha se baseia nos que tem mais chances de ganhar? Nada me faz menos sentido do que uma pessoa me dizer que se eu votar em alguém com pouca chance de ser eleito estarei perdendo meu voto. Pra mim, uma pessoa perde o voto quando deixa de seguir sua própria opinião pra ir na onda das pesquisas, abre mão de seu direito de votar pra entregá-lo na mão de um mero dado informativo. De todos os critérios pra escolher um candidato ou pra diminuir o valor de um mísero voto, seguir o fluxo é o que considero o pior. É continuar repetindo a mesma coisa e esperar um resultado diferente.

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