quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sobre nuvens escuras e desimportâncias

A vida é tão maravilhosa e tão cheia de personalidade, mostra pra gente o tempo inteiro que não mandamos nos acontecimentos e que é muito melhor aprender com cada um deles. Eu mesma, gosto muito mais de dias de sol e calor. Gosto da claridade. Gosto da clareza. Gosto de gente que não sabe segurar o riso, o choro, o desabafo, o impulso, gente simples, que entra e pede licença, erra e pede desculpa, aceita e agradece. Tenho preguiça de mistério, do charme, da presunção, da expectativa e do subentendido. Sempre fui assim. Por ser assim tão literal, eu já perdi mil piadas, fui alvo de algumas, caí em todas as pegadinhas. Por ser assim tão literal em um mundo nebuloso, eu às vezes entro na dança dos dias embaçados, faço pouco caso deles ou aproveito pra vestir um lenço colorido, ando sem ver o caminho, aceno sem saber pra quem, sorrio sem entender a frase, lamento pelas minhas limitações, finjo que entendi, que não doeu, que não fez falta, que não me importo, que o essencial me basta. Porque é tudo tão simples e pequeno. Aquele pedido de desculpas não dito, o agradecimento não dito, o elogio não dito, o desabafo não dito, o esclarecimento não dito e aquele mal entendido residual. Não aprecio mas relevo, porque a vida não é feita só daquilo que a gente gosta, e pra ter tantos mais dias ensolarados e quentes é um preço bem barato a pagar. Não é pra ser importante. E passa. Mas às vezes você paga e paga, seu sorriso vai perdendo a força, seu aceno tem menos energia, o lenço colorido desbota e a nuvem continua lá te deixando no escuro, com todas aquelas interrogações. Ahhh nuvem, sou tão simples e pequena, sua sombra às vezes é tão grande e sem sentido, ainda tenho tanto o que aprender...