sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sobre coisas que tiram o sono

Amanhã é dia de acordar às 7h, agora são 2h18min e eu já deveria estar dormindo a algum tempo. Mas não tô. Pelo mesmo motivo que tava difícil prestar atenção às aulas hoje. Nada monótono, tráfico de pessoas pra exploração sexual, depois inquérito policial de crime de homicídio e exame de corpo de delito. Eu ficava me lembrando da minha sobrinha me contando no telefone que tinha levado um tombo perto do portão e ralado o nariz, lembrei de como fiquei triste de não poder dar um beijo nela pelo telefone e dizer que 'agora vai sarar', me veio o jeito que ela já oferece o machucado pra gente 'curar' toda vez. As mãozinhas no meu cabelo de manhã me pedindo pra acordar pra ver desenho, pra arrumar a mamadeira. De como eu me sentia a pior pessoa do mundo ao deixar ela em casa quando saía com ela pedindo pra ficar, e ter que vir embora no fim das férias com um 'você vai me deixar aqui?' e tentativas frustradas de caber na mala. Os pedidos de desculpas e comemorações depois da maratona-do-prato-de-comida ou dos não-mexe-aí versus vontade-de-descobrir-o-mundo. A felicidade em forma de chocolate ou passeios no parque, e as descobertas. Um do lado do zero é dez, O do lado do I é Oi. E centenas de repetições pra memorizar. O jeito só dela de falar inglês. O dilema entre educar e mimar. Proteger o bastante ou até demais. Uma criança diz que te ama e você não consegue responder à altura por falta de vocabulário expressivo o suficiente. Se elas sentem medo, você encoraja. Se não sentem, você tem que disfarçar o seu. Tudo o que querem e fazem é pra conseguir atenção. Pra elas não importa o que você faz ou pensa da vida, basta que tenha um sorriso, um abraço, e na melhor hipótese um colo. O pior mal que podem fazer é não te cumprimentarem por timidez. Ou ficarem longe de você. Saudade dói. Violência contra crianças revolta. É covardia. É injustificável.

Sei nem o que dizer pra família dessas crianças. Simplesmente não sei.