terça-feira, 16 de agosto de 2011

Caos

A vida sem freio me leva, me arrasta e me cega, no momento em que eu queria ver, o segundo que antecede o beijo, a palavra que destrói o amor, quando tudo ainda estava inteiro, no instante em que desmoronou...

Tem mesmo essas frações de segundo que mudam tudo. Ora sutis como um olhar distante. Ora devastadores como uma decepção.

Poucas vezes esses momentos - de efeito borboleta - são programados, e seus efeitos, esperados. A cada vez que uma dessas mudanças acontece nos intervalos entre as nossas percepções, nossas vidas são arquitetadas.

Há mudanças que realizamos aos poucos, escolhemos, conquistamos, construímos. Outras vêm ao nosso encontro por acaso, ou destino, não sei. Aí que tá. Não sei. Você sabe?

Você sabe como chegou a onde está hoje? Quantas escolhas expressas e tácitas te conduziram? Quantos sacrifícios e exigências você se permitiu?

Você sabe qual é o seu critério na busca da realização? O que é mais importante? Onde quer chegar seguindo essa direção?

E sobre os seus maiores tesouros? Quanto valem? Quando esse valor se revelou pra você?

Do que você se libertou? Em quê você se prendeu? Quando aquele gostar virou amor? Quando o presente virou passado?

E cada momento cada segundo cada instante é quase eterno, passa devagar
Se seu mundo for o mundo inteiro, sua vida, seu amor, seu lar
Cuide tudo que for verdadeiro, deixe tudo que não for... passar.


(Paralamas - Cuide bem do seu amor)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"Não tenho preconceito, mas..."

Esse texto é para quem, como eu, não tem convicção alguma sobre qualquer coisa. Se você tem muitas certezas na vida esse texto não vai te acrescentar nada – infelizmente esse texto pode acabar não acrescentando nada mesmo que seu posicionamento seja outro. Mas enfim. Pessoas que tem muita certeza não sabem brincar de debater.

O homossexualismo tem sido muito comentado na internet atualmente, em reflexo das mudanças legislativas. Consequentemente o assunto preconceito é trazido à discussão também. Tudo vai parar no twitter. E é no twitter que grandes coisas são liberadas e pequenas coisas acabam escapando junto.

Uns tem opinião formada – ou deformada – sobre ter preconceito ou não, outros se dizem contra o preconceito, mas – mas. Né.

Você se diz defensor dos direitos das minorias e é contra cotas nas universidades mesmo percebendo que a maioria esmagadora dos aprovados em instituições públicas vem de colégios privados, cursinhos e outros recursos-economicamente-dispendiosos mil.

Mas quem não tem dinheiro pra isso tem mais é que se contentar com o diploma de ensino médio do ensino público sucateado do nosso país então?

Não.

Você não tem preconceito contra a orientação sexual das pessoas. Só que as novelas tão exagerando né, porque as novelas tem que ser de heterossexuais, porque os héteros são mais normais?

Não.

Você não pede desculpa pra falar sua asneira porque é livre pra opinar e pra escolher, mas age como se as suas escolhas fossem as melhores e se incomoda com a liberdade alheia.

Porque não basta seguir uma religião ou nenhuma, você tem que criticar as outras religiões.

Não basta gostar de uma banda, você tem que criticar os que gostam de outra.

Não basta votar em quem você julga ser o melhor candidato, você tem que criticar o candidato eleito pela maioria.

Parafraseando Clarice Lispector, eu diria que “liberdade é pouco, o que muitas pessoas querem é ditadura mesmo”.

E parafraseando uma música do Skank, eu concluiria que a melhor escolha é aquela que “faz nascer o sol no coração da pessoa”. E só. Sem deixar espaço pra nenhum “mas”.

Pense nisso.