domingo, 28 de fevereiro de 2010

All we need is love


Comédia romântica na prática é uma desgraça. Não digo os filmes, mas as comédias românticas que a gente vive, sempre que se interessa por alguém. Já que nós sempre achamos que é tudo tão simples e é todo mundo que complica nos filmes e na vida real de uma forma desnecessária, por insegurança talvez. Daí acontece com a gente também.. e a gente se sente tão idiota e desajeitado. Acho que é raro ter segurança nessas situações, o amor tem aquela coisa toda de ter que deixar as coisas acontecerem devagar e a gente quase ter um treco de tanta ansiedade. Aí a gente se faz de seguro e espontâneo.. e depois se pergunta porque raios fez as coisas de um jeito sendo que poderia ter sido tão melhor. Mas depois nos damos conta, aliviados, de que foi tudo bem, ou que nem era tudo aquilo, e que era só paranóia. Talvez seja coisa de mulher isso, ou uma coisa minha.. mas ainda acho que se sentir idiota faz parte de se apaixonar. Acho que razão e emoção só se combinam quando se trata de emoções alheias.. não consigo conciliar uma coisa com a outra sem que uma delas tenha de ser limitada, já que são duas coisas bem diferentes. Deve ter um pouco de emoção na razão e de razão na emoção.. mas não que a gente consiga entender isso desde o princípio. Em algumas circunstâncias é bom não entender nada.. ou entender tão bem que se dispense explicações.. como quando a gente sente, pensando que consegue disfarçar aquela típica cara de bobo alegre avoado e saltitante. Acho que a coisa mais bonita do amor é essa inspiração que a gente tem de querer ser o nosso melhor. Essa seriedade egoísta e cega que sobra na falta dele é que é a verdadeira desgraça. Sem o amor, tudo o que resta é aquele vazio que nenhum outro tipo de riqueza preenche, e fica aquela sensação de que falta alguma coisa, não sei se há miséria maior do que essa. A falta de amor na prática é uma tragédia.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Homo sapiens?


No começo, éramos macacos.
Mas decidimos nos socializar, viver em grupos, andar de pé. Construímos casas, cidades e adotamos um modo de vida sedentário, sonhando com um mundo cada vez melhor e mais adaptado às nossas vontades, enquanto o atacamos, invadimos e poluímos indiscriminadamente a favor do nosso conforto. Nossas construções cresceram junto com as nossas ambições, e talvez nosso ego. Assim nos intitulamos os ‘animais racionais’ e usamos o termo ‘humanidade’ para nos diferenciar dos ‘animais’ propriamente ditos. Mesmo assim, nossa ‘vida social’ sobrevive sensivelmente, de vez que, fazendo de toda a raça humana parte de um mesmo ‘contrato social’ as diferenças e semelhanças que naturalmente nos distinguiriam em grupos, se confundem, nos confundem, e nos sujeitam a infindáveis desentendimentos, em nome dos quais esquecemos da nossa origem comum. Nossos laços afetivos são por vezes superados pelos mais primitivos instintos, que julgados por nossos próprios olhos acabam por nos engaiolar, como fazemos com os ‘animais irracionais’ que, por sua vez, são disciplinados de forma simples e eficaz. Subjugamos nossos semelhantes e inventamos a guerra, em nome de interesses fúteis, até mesmo insanos, como a imposição de poder entre iguais. Enquanto isso a natureza vem, reiteradamente, com toda a força, mostrar que existem coisas maiores que os nossos mais audaciosos sonhos, maiores que nós, e a quem devemos respeito. Afinal, quem somos nós diante dela? Quantas mais lições – sobre o básico – precisaremos? Afinal em que momento da evolução deixamos de ser macacos? E se deixamos, podemos chamar tal mudança de evolução? Que evolução há em converter todos os nossos valores em dinheiro? Porque existem coisas que o dinheiro não compra, a natureza não derruba, e ninguém se importa, por exemplo, numa convenção sobre mudanças climáticas. Esse poder, que se sobrepõe à questão da preservação ambiental - e auto preservação - será que algum de nós é digno desse poder que corrompe? Macacos não se submeteriam tanto ao dinheiro. Mais sábios que nós em tantos aspectos, com certeza eles têm muito pra nos ensinar.

Às vezes só quando a natureza nos traz a adversidade é que nos tornamos verdadeiramente humanos, através da solidariedade. Sejamos mais humanos, então, e que não seja preciso mais adversidades para que aqueles que por algum motivo tem o poder nas mãos, o usem com a razão que acreditamos ser a dádiva da nossa espécie.