Depois de 5 anos cursando direito, 4 deles trabalhando no
Fórum, um dos meus maiores aprendizados foi de que a justiça não tem uma
fórmula padrão, tal como apenas encontrar um culpado e condená-lo. Se fosse
assim, consideraríamos a terra um planeta-penitenciário lotado de bilhões de seres
errantes. Ser justo é uma postura a ser buscada todo o tempo, através de
interpretação e bom senso, porque existem dispositivos legais, jurisprudência e
justificativas pra quase todos os lados. Pra trabalhar e vivenciar o direito em
meio a toda opinião, revolta e ignorância de grande parte da sociedade, apenas
se pode contar com a consciência limpa. Sem isso, nada valeria a pena. Vivemos em
um mundo de aparências, corrupção e desconfiança. O mais irônico é que as
pessoas que mais repudiam o governo, as autoridades e o comportamento alheio,
também são as que menos demonstram questionar-se a si mesmas, sobre as próprias
convicções e atitudes sem fundamento, muitas vezes ignorantes, egoístas, de
simplesmente desacreditar no próximo porque, vai entender, “perderam a fé na
humanidade”, curioso que essa mentalidade normalmente seja sinônimo de
desconhecimento. Isso é inaceitável pra mim. Enquanto houver motivação pra
trabalhar da melhor forma que eu for capaz, eu vou acreditar que também existe
muita gente boa por aí fazendo o mesmo, e, antes que eu me desencante, eu vou
procurar saber. Eu vou, pelo menos, ao ouvir uma acusação, procurar saber sobre
sua procedência, sobre como eu poderia ser útil pra resolver, antes de colocar
a culpa no outro. Eu quero poder oferecer às pessoas a chance que espero que
elas me deem. Eu não vou aceitar prontamente tanta negatividade generalizada.
Há muito a ser feito, e eu prefiro ocupar a mente com coisas boas, do que
sujeitar a mente vazia à eterna rebeldia sem causa e à ilusão de que somos
melhores que alguém. Quero jamais perder a sensibilidade, a humanidade, a ideia
de que somos todos iguais, na alegria, na tristeza, na hipocrisia, na
impulsividade e nos atos falhos, nas diferenças, nas incompreensões, nos
sofrimentos e evoluções. A justiça terrena pode ser lenta, sem dúvidas é singela...
mas um dia prestaremos conta, lado a lado, à mesma autoridade que nos deu o dom
da vida. Somos todos imperfeitos, o poder do julgamento é o mais delicado que
existe - embora a gente insista em querer exercê-lo - mas, a verdade é que,
eventualmente, ainda seremos todos subjugados por ele. O que eu sempre tenho
vontade de dizer é: coloque-se, a si próprio, no banco dos réus de vez em
quando.
Que reflexão perfeita do que é o direito, a justiça e a sociedade. Essa ultima frase REFLETE tudo: colocar-se no banco dos réus. Palavras perfeitas, amiga. Adoro saber que existe gente assim no mundo.. não me sinto tão sozinha!
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